O Programa: Uma conversa com Shuan Fatah, o melhor treinador no Europa
Dan Levy is currently coaching in Brazil and for our Brazilian and Portuguese audiences has kindly had his excellent interview with Team Austria and Swarco Raiders head coach Shuan Fatah translated into Brazilian Portuguese.
Translation from English to Brazilian Portuguese: Alexandre Braga
Há algo diferente sobre o Swarco Raiders, de Tirol.
Na verdade, há muitas coisas que diferenciam o principal programa de futebol americano da Europa dos outros times europeus. Do deslumbrante plano de fundo dos Alpes austríacos e as instalações de nível NCAA com escritórios para os treinadores no mesmo local de treino e décadas de experiência profissional dos seus treinadores – luxos que 99% das equipes na Europa provavelmente nunca irão apreciar.
Mas não é disso que eu estou falando.
Há mais alguma coisa diferente sobre o Swarco Raiders. Você sente isso quando pisa no gramado- uma atmosfera de futebol diferente de qualquer outro lugar no continente. Descontraído, mas focado. Enérgico, mas tranquilo. Jogadores que são partes iguais de um todo, com fome e humildade, treinos que são profissionais mas ao mesmo tempo divertidos.
Francamente falando, este é o mais próximo que eu cheguei a uma atmosfera NFL na Europa. Jogadores e treinadores que estão envolvidos e focados, mas capazes de sorrir, rir e conversar durante o aquecimento ou entre as repetições nos exercícios, mas nunca perdendo o foco
Está é uma cultura única para um time desse nível, onde o grau de disciplina e confiança foi alcançado e que poucas equipes internacionais jamais entenderão.
O Swarco Raiders não são apenas uma equipa de futebol. Eles são um programa de futebol.
“Quando eu vim aqui, as coisas não eram como o que você vê agora”, diz Shuan Fatah, treinador e criador do programa Raiders. “Quando começamos aqui, eu estava trabalhando em containers. Eu não estava aqui, onde estamos agora “, ele acrescenta, gesticulando para o impressionante espaço de escritório ao seu redor. “Eu estava ao lado do rio em um campo de grama surrado. No inverno, eles iriam fechar os banheiros, então eu teria que correr para o McDonalds a qualquer hora que eu precisasse fazer xixi. ”
Shuan foi contratado pelos Raiders em 2011 depois de campeonatos muito bem sucedidos com o Berlim Adler na Liga Alemã de Futebol e o Berlim Thunder da NFL Europa antes disso. Ele é indiscutivelmente o melhor treinador da Europa – uma façanha ainda mais impressionante pelo fato de ele ser um treinador alemão dentro de um esporte americano.
“Se você precisar de mais luz, você pode simplesmente apertar o botão ao seu lado”, ele diz a minha fotógrafa, sorrindo um pouco. Ela segue suas instruções, retratando as cortinas eletronicamente motorizadas e revelando uma vista deslumbrante dos Alpes austríacos. Esta é a visão do escritório do chefe.
Brinquei com ele. “Agora você está se exibindo.” Nós dois demos risada enquanto ele fechava a porta do escritório atrás dele e tomamos nossos assentos na mesa de conferência. A atmosfera no escritório de Shuan é um reflexo das práticas Raiders – descontraído, mas profissional.
Nossa conversa continua como ele relembrando sobre seus primeiros anos. Depois de uma curta carreira na Alemanha, Shuan tornou-se um pioneiro entre os treinadores europeus – um dos primeiros e únicos cidadãos da UE na época a treinar o futebol universitário nos Estados Unidos.
Dan Levy: Então, como você começou na NFL?
Shuan Fatah: Eu tinha acabado de voltar para a Alemanha e estava treinando na GFL (Liga de futebol americano da Alemanha), e Wes Chandler me ligou – (NFL) Hall da fama da NFL- ele estava comandando a franquia de Berlim na NFL Europa. Alguém lhe disse que havia um cara de Berlim já treinando por lá. Como eu era o único treinador com experiência nos Estados Unidos e na Europa, ele falou, esse é o cara que eu quero, porque sabe como é o ritmo dos treinamentos, e ele sabe como é a vida de coach profissional de futebol americano…
DL: Ele sabe como as coisas funcionam na prática –
SF: Exatamente. Ele vivenciou. Qualquer outra pessoa que eu possa conseguir é um cara que só fez isso na Europa, entende? E ele era um cara esperto, eu acho (risos). Foi bom para mim porque eu pude ir para a minha cidade natal como treinador profissional em uma liga profissional.
DL: Em que ano foi isso?
SF: Dezembro de 1998. Minha primeira temporada foi em 99. Eu fiquei lá até 2004 e, em seguida, a NFL me contratou como o Gerente de Desenvolvimento Internacional de Futebol … Eu fiquei lá por 2 anos na gestão, em seguida, em 2007, fui contratado pelo Hamburgo Sea Devils como um técnico de running backs. Fiquei feliz por voltar a treinar –
DL: Essa é a sua paixão.
SF: Sim. E então eu voltei lá em 2007, e nós tivemos uma excelente temporada. Ganhamos o Campeonato Mundial (World Bowl). não muito tempo depois eles nos disseram que a liga (NFL Europa) tinha acabado.
DL: Qual foi o seu primeiro pensamento quando isso aconteceu?
SF: É uma história engraçada porque nós tínhamos acabado de chegar em Cancun, México para uma sessão de treinos da NFL. Nós acordamos de manhã e fomos tomar café da manhã e nosso chefe nos chamou – eu ainda estava meu café na mão – e ele nos disse, (A NFL) decidiu ontem que não precisa mais de vocês. Você estão despedidos.
DL: Você já esperava por isso?
SF: Sim, todo ano era a mesma coisa.
DL: Todo ano?
SF: Todo ano. Mas ainda foi um choque quando aconteceu, mesmo quando está preparado e esperando acontecer. Mas eu tenho que dizer, eu fui esperto.
DL: Como assim?
SF: (risos) Escute, e você me diz. Eu não sei por que exatamente eu fiz isso – se era subconsciente ou o quê – mas comecei a treinar com os Monarcas de Dresden depois que a temporada da NFL Europa terminou em julho. Eles ganharam um jogo na temporada anterior a minha chegada, e quase foram rebaixados (para divisão 2). Eles tiveram que jogar o jogo do rebaixamento, foi aí que eu me envolvi e nós ganhamos esse jogo e ficamos na primeira divisão. Aí eu fui demitido (da NFL) e percebi que eu não tinha nada.
DL: Que droga. .
SF: Logo após isso tudo, os Monarcas me ofereceram o cargo de treinador principal para a próxima temporada, um trabalho de tempo integral.
DL: Que bom que você começou cedo.
SF: Exatamente. Não é que planejei isso tudo, mas por algum motivo eu decidi começar a treiná-los (Monarchs). Deve ter sido por causa dele (apontou para o céu), mas até hoje minha esposa diz que foi apenas sorte.
DL: O lugar certo, no momento certo.
SF: Sim, eu tive uma transição suave. Acho que meu contrato na NFL acabou em novembro e em Dezembro e estava com um contrato novo na GFL. Um trabalho de tempo integral, que foi importante para eu pagar as minhas contas. Não foi fácil, 1-11 no ano anterior. Fomos 6-6 no meu primeiro ano, fomos aos playoffs e ganhamos de todos mundo pelo menos uma vez.
DL: Todo mundo?
SF: Jogo de abertura contra o New Yorker Lions. Em Braunschweig. Campeões nacionais no momento. Nós fomos lá e ganhamos de 19-14.
DL: Então esse foi o seu jogo de afirmação?
SF: Isso chocou a liga.
DL: Como isso aconteceu?
SF: Meu time – eles acreditavam em qualquer coisa que eu dissesse.
DL: Ah, sim (risos). Eles compraram a idéia.
SF: (risos) Compraram!
DL: O que você disser é lei.
SF: Provavelmente uma das temporadas mais empolgantes que já tive. Tenho muito orgulho daquele ano. Todo mundo pensa que os troféus são a única coisa que importa –
DL: Não é.
SF: Esse ano para mim foi um dos melhores.
DL: Mudando de assunto e falando sobre as coisas que nos orgulhamos como treinadores, falando sobre títulos. Eu sempre digo que o meu objetivo como treinador, no momento em que eu me aposentar, é ter mais anéis do que tenho dedos para usá-los.
SF: (risos) Sim.
DL: Então meu objetivo é basicamente ser Shuan Fatah-
SF: (risos) Eu tenho a minha caixa. Eu acho que são 16 ou 17.
DL: Espero que eu possa perder a conta também um dia.
SF: (risos) Eu acho que são 16.
DL: Eu ainda tenho que ir atrás de 15 então. Como treinador, tenho que perguntar, qual é o seu segredo?
SF: Honestamente? Eu diria que eu sou ‘macaco velho’ porque eu continuo fazendo o que funciona. Eu tenho um monte de mentes criativas lá (meus treinadores assistentes), mas tocando o programa – O que nós fazemos e quando? Quando fazemos nossas reuniões de staff. Em que acredito? Qual é a nossa filosofia? Como nos comportamos? Como podemos tocar os treinamentos? Isso é algo que eu nunca vou mudar a menos que alguém me mostre algo que funciona melhor.
DL: Você não vai aderir às novas tendências.
SF: Eu não vou mudar nossa filosofia como todo mundo faz –
DL: E há uma nova tendência todo ano –
SF: Sim!
DL: E se você continuar adotando a última moda, vai acabar perdendo a sua identidade.
SF: Sim. Exatamente. Você vai se perder com todo esse barulho. E não é que não estamos atualizados. Passo horas estudando. Eu sempre estou antenado com o que os coaches estão falando nas clínicas. Eu tenho as minhas fontes, bons treinadores que eu confio e sempre posso recorrer. Contanto que eu tenha isso, eu estou bem.
DL: Então vamos ao que interessa, a pergunta que não quer calar, a pergunta que tenho certeza que muitos outros treinadores também querem saber.. Qual é o segredo do seu programa? Por exemplo, estamos construindo um programa com a minha equipe no Brasil (Sada Cruziero). Ganhamos um campeonato no ano passado. Estamos bem financeiramente e ambiciosos no nível de gestão. Eu vejo a Europa – uma equipe como o Raiders- como nosso modelo.
SF: Claro.
DL: São poucos os times na Europa que tem um programa como este (Raiders) ou algo semelhante. Obviamente, o dinheiro ajuda, mas como vocês fazem acontecer e outros times não conseguem? O que você faz diferente?
SF: Parte de ser Head Coach, você tem que inspirar as pessoas, trazer novas idéias e principalmente tem que ter certeza que a diretoria do time entende suas idéias e está na mesma página que você. Temos uma ótima equipe de gerenciamento aqui e eles me escutam. Eu percebi muito rapidamente que tudo o que tenho a fazer é expressar minhas idéias e explicar porque é necessário que eles façam a parte deles. Hoje em dia temos um bom orçamento e isso ajuda, mas não é como se pudéssemos usar toda a verba, por causa das restrições no campeonato austríaco (AFL). Especialmente quando se trata de jogadores.
DL: Mas você pode em infra-estrutura.
SF: Sim. E como eu disse, não era assim quando cheguei aqui. Eu tive uma visão para esta equipe, este programa, e eu disse a Diretoria. Eu passei horas conversando com eles. Nós tivemos algumas pessoas do Oakland Raiders aqui para nos ajudar – Willie Brown, Hall of Fame. E foi bem difícil receber ele aqui porque na época não tínhamos a estrutura de hoje. Nosso escritório era em um container, sem banheiro. Você sabe o que eu quero dizer?
DL: Ah sim.
SF: Então eu disse à diretoria onde nós estávamos indo – e o programa estava crescendo rápido – mas a infra-estrutura era essencial. Eles entenderam e eles usaram o dinheiro em bom uso, nós ganhamos novos escritórios. Em seguida, o próximo passo foi obter um campo melhor. Estávamos perdendo jogadores para lesões graves porque nosso campo era terrível. E não me interpretem mal, eles ganharam alguns campeonatos e tiveram algum sucesso antes de eu chegar aqui.
DL: Mas ainda era apenas uma equipe. Não era um programa.
SF: Exatamente. Foi uma espécie ‘tapa buraco’. Tiveram sucesso, mas para que o sucesso seja sustentável você tem que ter a estrutura, uma base.. Você tem que crescer e construir, e ] tudo começa com a infra-estrutura. Nós ainda não estamos onde queremos estar. Vamos ter um novo campo de treinamento em 2018. E estamos negociando, uu não sei se ainda estarei aqui –
DL: (risos) Eu não acho que você vai a lugar algum.
SF: Bem, você sabe como é, tudo pode mudar de uma temporada para outra. Mas o ponto é, estamos entrando em uma nova era. Nós já estamos muito bem, e esse campo vai realmente nos levar ao próximo nível, como fez com os Viena Vikings. Depois de terem as suas instalações, eles recuperar o tempo perdido e voltaram ao topo da AFL.
DL: Para se tornar mais profissional.
SF: Sim.
DL: Então sobre esse tema – profissionalização do futebol internacional. Eu, infelizmente, fiz parte de uma liga que estava tentando profissionalizar o futebol no Brasil. Isso foi 2013. Claro que não saiu do papel. No ano passado a mesma coisa aconteceu na Austrália, com a NGL-
SF: Você estava envolvido?
DL: (risos) Oh, não, não, não. Eu já tinha aprendi a minha lição. Eu tenho alguns amigos que tinham assinado lá e eu meio que tentei alertá-los contra isso. Assim como no Brasil, quando cancelaram a liga, arruinou o plano de vidas de muita gente. E isso é ruim para o futebol internacional.
SF: Claro.
DL: Isso faz com que as pessoas fiquem desconfiadas. Fiquei muito abalado depois que isso aconteceu comigo.Na época eu disse, ninguém vai nunca profissionalizar o futebol internacional. Mas então, quando você começa a se distanciar, você meio que volta para a idéia. E minha crença é … não se pode começar no nível da liga. Ninguém pode entrar na Europa ou no Brasil e dizer, vou começar uma nova liga profissional. A menos que seja a NFL, é claro.
SF: Certo.
DL: Nenhum investidor pode chegar aqui e dizer, vou começar um novo campeonato na Europa. Tem que acontecer a nível de equipe. Como o que você está falando … quando Viena (Vikings) tem o seu campo. Agora você tem um senso de urgência para fazer o mesmo. Ou você olha o que o New Yorker fez na Alemanha. Agora você tem Frankfurt. Você tem Ingolstadt. Então, a minha pergunta é, você acha que no futuro o futebol será mais uma vez profissional na Europa?
SF: Não tenho certeza. Eu acho que há muitas partes envolvidas que não querem que ele seja profissional. Eu também acho que o jogo está em estágios muito infantis quando se trata de gestão. Nem toda equipe tem gerenciamento como nós temos –
DL: Muito poucas –
SF: Ou como o New Yorker Lions ou o Dresden Monarchs. Essas são as equipes que eu sei que são muito bem gerenciadas. Mas você também tem outras equipes que são geridas por professores substitutos –
DL: Ou o OT reserva é o presidente do time.
SF: Exatamente. E eu não estou dizendo que isso é sempre uma coisa ruim, mas na maioria das vezes essas pessoas não têm experiência real de negócios. E você espera que eles compitam com o Samsung Frankfurt Universe?
DL: Jamais.
SF: Então eu não sei. A idéia por trás do Big 6 foi encontrar pontos comuns entre as melhores equipes, colocá-las cara a cara e criar uma grande liga europeia. Isso é o que nós (Raiders) fazemos agora com a Batalha pelo Tirol. Nós tratamos isso como se tivéssemos dois calendários, um da nossa conferência e outro fora dela – foi assim que eu expliquei para a minha diretoria.
DL: Como os times de faculdade (NCAA).
SF: Sim. Como podemos disponibilizar melhores jogos para os nossos fãs e trazer times que eles não conhecem? Porque fica chato. Todo ano enfrentamos Danube Dragons. Todo ano enfrentamos o Viena Vikings. Perco jogadores porque estão cansados da nossa tabela.
DL: Eles estão cansados de jogar contra as mesmas equipes.
SF: E o Big 6 é a mesma idéia. Mas-
DL: Ainda é apenas a Áustria e a Alemanha.
SF: Exatamente. Não há nenhuma equipe espanhola ou italiana que você possa viajar (nos últimos anos). Eu sei que quando jogamos(Battle for Tirol) são mais jogos e mais estresse, mas queremos agendar o maior número de jogos contra equipes fora do país que podemos E nossos jogadores concordaram com isso. Então agora nós vamos enfrentar Helsinki Roosters aqui. No ano passado, tivemos uma equipe universitária nos Estados Unidos,
DL: Você ganhou deles, certo?
SF: Sim! Elmhurst College de Chicago. E este ano vamos ter outra faculdade aqui. O objetivo para o próximo ano … queremos agendar dois colégios dos EUA para vir jogar contra nós. Eu acho que isso vai fazer com que nos tornemos uma equipe melhor.
DL: E a diretoria comprou a idéia.
SF: Eles compraram. É tudo uma questão de dinheiro. Obviamente você tem que ter um estádio. É caro demais alugar um. E apoiamos as equipes que vêm até aqui, com hospedagem pelo menos uma noite e jantar. Você tem que botar tudo na ponta do lápis. Mas nós temos dinheiro para fazer projetos como este. Tivemos um número recorde de torcedores na Batalha pelo Tirol. Mais do que no Euro Bowl, e pela metade do custo.
DL: Então quem precisa do Big 6, certo?
SF: Eu ainda acredito que o Big 6 é um grande torneio e pode ser um torneio muito maior Somos uma equipa muito competitiva e eventualmente voltaremos. Só que agora temos que fazer o que é melhor para nós. A forma como os regulamentos são criados agora, são muito a favor das equipes alemãs. E as outras equipes de outros países vão descobrir isso em breve.
DL: Porque os regulamentos sobre os jogadores importados nas suas ligas nacionais são mais rigorosos do que os Big 6’s.
SF: Certo. Qual outra liga nacional além da GLF permite 5 jogadores importados por jogo? Ninguém. Em toda a Europa, na verdade, eles estão restringindo os jogadores importados, mas neste torneio eles mantém o limite em 5. Para nós, que só podemos levar 2 americanos no campeonato nacional, tivemos que assinar 3 importados extra para esse torneio. Você sabe quanto dinheiro isso significa?
DL: E você está gastando com jogadores que não vão jogar todos os jogos.
SF: E na Áustria não fazemos coisas como pagar 500 Euros por baixo do pano. Você contrata esses caras de verdade.
DL: Eles estão em um visto de trabalho. Os impostos estão sendo pagos.
SF: Tudo isso. Então estamos falando de 50-60 mil por ano apenas para três jogadores. Então, nós conversamos com eles (o Big 6) que essa realidade é realmente difícil para nós e perguntamos se eles poderiam encontrar um meio termo. Mas eles não aceitaram. E olhe como ficou o torneio agora.
DL: Você tem uma opinião sobre a IFAF (Federação Internacional de Futebol Americano) e o que está acontecendo por lá?
SF: (suspiros) Eu não sei. É muito difícil. Eu realmente não sei todas as informações de que realmente está acontecendo. Eu acho que há muita gente com o ego ferido por lá –
DL: Muitos egos.
SF: Muitos egos feridos. E agora eu não sei se o futebol é a principal força motriz por trás disso. E sim poder, quem pode mais. São os mesmos problemas há décadas, na maioria das vezes pequenos detalhes que as pessoas não conseguem superar.
DL: É como uma vingança.
SF: Eles estão brigando por mais de uma década! É realmente muito chato, está matando o futebol na Europa. E eu não sei no final das contas – quem está certo, quem está errado, e quem disse o quê. Eu só acho que é uma pena que não possamos sentar juntos e seguir em frente, para o bem do futebol.
DL: É decepcionante –
SF: É decepcionante.
DL: É decepcionante em um nível profundo.
SF: E agora chegou ao ponto em que as competições serão proibidas. Há equipes da Suécia que não podem competir em nenhum lugar. Há equipes da Alemanha que não podem jogar equipes austríacas. Há aqueles memorandos secretos por aí – você não pode jogar contra fulano ou ciclano. Tem equipes como nós que tentam encontrar substitutos (para os torneios IFAF) para criar competições internacionais. Você viu o artigo, eles acham melhor não tenha nenhum jogo –
DL: Que ter esses torneios substitutos-
SF: Sim, e eu simplesmente não entendo. Isso é errado, eles precisam resolver isso rapidamente. Já perdemos muito tempo com essa história.
DL: E este foi o seu motivo para mudar do Big 6 para o CEFL.
SF: Nós abrimos o jogo – conversamos com eles – nós queremos competir, queremos fazer isso, mas financeiramente estamos jogando dinheiro pelo ralo. E eu acho que tem muita gente por aí que acredita que só porque temos uma boa situação financeira nós temos dinheiro ilimitado e podemos gastar a vontade.
DL: Ninguém quer desperdiçar dinheiro.
SF: Eles não entendem que as pessoas que estão tocando o programa, do lado business do negócio, que são tão bem sucedidos … adivinhem porque eles são tão bem sucedidos! Porque eles entendem o que é desperdiçar dinheiro, e eles não vão fazer isso. E para alguém dizer, você é rico, você pode fazê-lo, basta calar a boca e assinar o cheque-
DL: Isso mostra como eles são incompetentes na gestão.
SF: Exatamente. Eles deveriam prever essa situação, sabe como? Isso é muito difícil para as equipes austríacas, porque eles têm regras diferentes para os jogadores importados, e não deveríamos colocá-los em uma situação ruim. Você não tem que ser um gênio para saber que se você mantiver 3 jogadores importados tempo integral na folha de pagamento – e eles realmente só jogam 3 jogos (no Big 6) … Se não tivéssemos a Batalha pelo Tirol, Esses caras só jogam 3 jogos –
DL: Então eles estariam aqui por 6 meses para jogar 3 jogos.
SF: 3 jogos. E fizemos isso por dois anos. Nós fizemos isso!
DL: Isso também é difícil de vender.
SF: Então algumas dessas equipes dizem, você simplesmente não quer competir. Trabalhe mais. Há jogadores dessas outras equipes na Alemanha que dizem que somos covardes por não enfrentá-los. Eles não entendem que este é dinheiro que eles provavelmente nunca vão fazer em um ano que estamos gastando em um cara … e nós temos 3 deles. Isso me irrita.
DL: Claro.
SF: Eles não entendem. Não é saudável para a Europa. Quem vai competir lá (no Big 6)? Por exemplo, a Polónia limitou as importações.
DL: Cortaram pela metade.
SF: Então uma equipe polonesa terá dificuldade para competir no Big 6. E não venha me dizer, vai lá, alinhe e jogue. Sim, você pode fazer isso se você tem zero restrições e um Platinum American Express-
DL: É fácil para você (equipes da Alemanha) falar.
SF: É fácil para você (equipes da Alemanha) falar. Você deveria ficar quieto. Você deveria ser o cara que não diz nada, porque você está em uma situação muito mais favorecida que os outros. Meu pai me ensinou que – se você está em uma posição de poder, não se aproveite disso. Basta ficar quieto e apreciar que você tem o privilégio de estar onde você está.
DL: Que você não tem os problemas que os outros times têm.
SF: Mas é assim que é. Todo mundo está apenas cuidando de si mesmos e esse é o problema na Europa.
DL: Esse é o problema em todos os lugares.
SF: E nós (Raiders) não estamos apenas pensando sobre nós mesmos. Iniciamos o CEFL e sabemos que quando jogarmos no CEFL, talvez não possamos jogar com todos os nossos atletas, mas tudo bem. É bom para o futebol. E a nossa gestão é realmente boa sobre isso. Quando há uma equipe na AFL que tem problemas, isso nunca é uma coisa boa. Tivemos reuniões onde buscamos maneiras de ajudar. Não é só sobre nós.
DL: É uma mentalidade diferente. Que o futebol austríaco, o futebol europeu, o futebol brasileiro – qualquer que seja … este é um pequeno barco no qual estamos todos. E estamos juntos.
SF: Sim.
DL: Se começarmos a lutar … o barco vai afundar.
SF: Exatamente, é difícil. No Big6 por exemplo … Braunschweig (New Yorker Lions) vai continuar ganhando a parada. Eles são uma excelente equipe, com uma boa comissão técnica, por isso não me interpretem mal. Eles têm que trabalhar para o seu sucesso também. Mas como um treinador me disse uma vez, tudo está em encaminhado para Braunschweig ser bem sucedido. E isso não é culpa deles. É apenas como é. Tudo no Big 6 está orientado para Frankfurt (Universe) estar na final com Braunschweig. E se você tem uma liga onde o resultado é previsível…
DL: Isso não é bom.
SF: Não, não é. E tivemos o mesmo problema na Áustria, desde as mudanças drásticas para (importação) de jogadores. Antes disso, você tinha Graz (Giants) campeão em 2008 (AFL); Viena (Vikings) em 2009; (Danube) Dragons em 2010; (Swarco) Raiders em 2011 … e depois de 2011 eles mudaram as regras e você teve os Vikings três vezes e agora nós duas vezes. Temos bons jogadores austríacos, mas desde que eu estive aqui estamos em todos os Austrian Bowl. E isso não é uma coisa boa.
DL: Por que você acha que isso está acontecendo?
SF: Bem, se eu estivesse comandando uma liga, eu iria me perguntar, por que isso está acontecendo? E a resposta não pode ser apenas, bem vamos cortar as importações –
DL: Essa não é a raiz do problema.
SF: Não! Mas é isso que eles pensam. Eles pensam que essas equipes estão apenas ganhando por causa das importações. Que tal verificar se eles têm um programa júnior? Eles têm-
DL: Categorias de base –
SF: Categorias de base. Essas equipes têm uma boa base ou estão vencendo por acidente? E você tem que ajudá-los. Ajude-os a encontrar bons jogadores (importados). Jogadores de bom caráter. Imports que estão vindo para ajudar a treinar seus jogadores locais, e que sejam dignos de seu investimento. Se você tem um Talib Wise, um Kyle Callahan ou um Sean Shelton – esses caras são muito influentes para o que estamos fazendo aqui com as crianças. Eles são heróis para nossos juniores. Então você lê sobre equipes dizendo, sim, não precisamos de imports.
DL: Certo?
SF: Como você pode dizer isso? Como você pode dizer isso quando você não tem idéia do impacto que um jogador importado de boa qualidade tem? E, obviamente, há algumas maçãs podres no mercado.
DL: Mas não é todo mundo que pensa assim, certo?
SF: Não. Não. Se você olhar para uma liga como a da Polônia, que está cortando as vagas para jogadores importados. Agora você tem que olhar quem substitui esses jogadores? Um atleta polonês. Agora, se você tem uma equipe bem estruturada como o (Wroclaw) Panthers, eles vão substituí-lo com um polonês muito bom.
DL: Provavelmente um dos meus jogadores de 2016.
SF: (risos) Exatamente. Agora pegue a segunda a última equipe. Eles também têm que substituir esses imports… provavelmente com um cara que nem sequer jogaria pelos Panthers. Então você me diz, é uma coisa boa para as equipes menores não terem jogadores importados? Eu discordo totalmente. Eles serão os jogadores que farão a diferença é que vão elevar o nível dos outros atletas… e agora eles têm uma chance. Se você cortar os imports, você apenas estará ajudando as grandes equipes.
DL: Você acabou de torná-los mais fortes.
SF: Olhe para Braunschweig (New Yorker Lions). Se mudassem as regras na Alemanha agora apenas para duas vagas para importados, então as substituiriam por jogadores da equipe nacional alemã. Mas para o Dusseldorf Panther ou Hamburg Huskies? Eles provavelmente iriam substituí-los com um cara local que nunca esteve na seleção nacional. Diga-me quem vai ganhar esse jogo.
DL: E as melhores equipes ainda vão ter dinheiro para gastar. Então agora você está apenas abrindo um mercado para os melhores jogadores locais para deixar suas equipes.
SF: Exatamente. E agora os ricos ficam mais ricos, e os pobres ficam mais pobres. Mas imagine se uma dessas equipes mais fracas tem um Talib (Wise) no seu auge – ou quem quer que seja, um grande cara que você tenha. Outra grande diferença. Com aqueles dois caras … agora eles podem competir com as equipes maiores.
DL: Ou pelo menos tem uma chance.
SF: Eles têm uma chance. Outro diferencial é ter um Head Coach em tempo integral contra um treinador de meio período. Um treinador de meio período está trabalhando metade do dia e então ele tem que competir comigo ou você ou (Troy) Tomlin com o New Yorker Lions-estamos sentados aqui o dia todo.
DL: Exatamente.
SF: Eu não sei como isso é possível –
DL: Ele sai do seu trabalho tradicional, direto para o treino… planeja o treino durante o seu almoço-
SF: Difícil. Muito difícil.
DL: É difícil. Eu não consigo imaginar como alguém pode treinar meio período e não se sentir constantemente sob pressão.
SF: Especialmente na primeira divisão, em qualquer lugar na Europa.
DL: Você não pode ser banqueiro que treina ou um bartender que treina. Se você quiser ganhar. Você tem que ser um treinador, único e exclusivamente.
SF: Se você quer ganhar muito, você tem que ser um treinador.
DL: Você sabe, falando sobre importações e treinadores … e voltando ao Brasil, temos um problema … Eu acho que fui o único treinador americano da liga este ano. E valeu a pena. Nós estávamos em nosso primeiro ano de competição nacional, e nós ganhamos. E para mim, há alguns bons treinadores brasileiros, mas eles não foram orientados. E as equipes estão gastando todo seu dinheiro para trazer jogadores importados. Provavelmente o que a Europa estava fazendo –
SF: Nos anos 80. Essa foi a Alemanha nos anos 80 –
DL: Exatamente, 20 ou 30 anos atrás. E de muitas maneiras, é aí que o Brasil está agora em termos de desenvolvimento. Então, quando você estava na Alemanha naquela época, qual foi o motivo que mudou essa mentalidade para, temos que conseguir treinadores aqui. Precisamos de pessoas em tempo inteiro. Temos que conseguir treinadores em um nível mais alto para trazer esse conhecimento aqui.
SF: Eu não sei … esta é uma pergunta interessante porque isso ainda não acontece em muitas das equipes – por mais engraçado que pareça. Estamos em 2017 e você ainda tem equipes na Alemanha que só trazem jogadores. Mas para mim foi em Berlim, acho que no final dos anos 80 e início dos anos 90 que eles começaram a trazer coaches de qualidade. E havia um monte de treinadores, como eu, que aproveitaram a situação usufruíram das equipes que estavam trazendo os coaches importados.
DL: Um lugar onde você poderia crescer e ser treinado.
SF: Exatamente. E a diretoria começou a enxergar isso – como Berlim (Adler), nunca foi a maior equipe, nunca tivemos grandes jogadores, mas ganhamos campeonatos. E em todas as fotos, você olha para eles e você vê esses caras magros em equipamentos. Mas se você olhar para as sidelines-
DL: Você vai ver uns caras lá.
SF: Você vai ver uns caras lá. Você verá treinadores lá com 50 anos de experiência entre eles. E as outras equipes não. E as equipes pensaram que poderiam cortar caminho trazendo alguns imports, recrutando alguns caras grandes e mantendo o jovem treinador alemão que tem apenas dois anos de experiência no meio disso tudo e deixá-lo organizar e gerenciar tudo. Começaram a ser batidos.
DL: É tão grave.
SF: É. E conversamos sobre programa de desenvolvimento de treinadores outro dia no almoço. Na verdade, sou desenvolvimento de Bob Griffin, que esteve aqui em 91. E ele nos ensinou muito como um programa. Mas eu não sei exatamente quando a Europa ou a Alemanha irão começar a perceber a importância de treinadores. Aqui (Swarco) eles sabem, obviamente. Mas ainda vejo algumas equipes da GFL –
DL: Não caiu a ficha.
SF: Não. Tudo que você escuta diz respeito aos jogadores importados.
DL: Mas então você olha para a comissão técnica…
SF: (suspiros). É limitada.
DL: Os jogadores importados são importantes. Como você disse. Eu sempre explico assim: o trabalho do jogador importado é ser o melhor que ele pode ser. O trabalho do treinador é fazer com que todos no time atinjam o máximo potencial e se tornem o melhor que eles podem ser.
FS: Exatamente.
DL: Um import pode inspirar outros jogadores.
SF: Mas não é seu trabalho ser treinador.
DL: Acho que muitas equipes na Europa – e certamente no Brasil – pensam, oh esse cara jogou futebol universitário. Ele pode entrar e nos ensinar tudo.
SF: Não, não, não.
DL: Fora alguns casos muito raros, aquele jogador não aprendeu como planejar e estruturar treinos. Ele não estudou o filme e construiu os planos de jogo –
SF: Muito raramente.
DL: Mas esse não é seu trabalho.
SF: Você está trazendo um ponto muito bom aqui. Todo mundo tem um papel. Um jogador importado tem um papel muito importante, mas esse papel não é tocar o programa. Ele é um mentor. Ele é um líder no campo. Ele pode mostrar a velocidade, o ritmo e a intensidade necessária para jogar o jogo da maneira certa.
DL: Ele é um exemplo.
SF: Sim. E um treinador é totalmente diferente. Ele tem que entender as pequenas coisas dentro da equipe.
DL: Os detalhes.
SF: Os detalhes. Ele tem que criar liderança. Ele tem que desenvolver jogadores e ser capaz de colocá-los na posição certa para serem bem sucedidos … para criar um ambiente onde eles possam ser bem sucedidos. Quem cria esse ambiente? Não é o jogador. Ele não pode criar esse ambiente. Ele joga e serve como um modelo para os caras locais –
DL: O treinador é o cara que tem que trazer a visão.
SF: Você sabe a razão pela qual ganhamos três campeonatos nacionais seguidos em Berlim – nos anos 80 – é porque tínhamos ótimos treinadores. Meu primeiro treinador foi Billy Brooks. Essa foi a primeira vez que eu aprendi um playbook e assisti ao filme de outras equipes. 99% das equipes na Alemanha não estavam assistindo filme na época
DL: Ou até nem sabiam como assistir a um filme.
SF: Não do jeito certo. Estávamos avançados em Berlim. Tivemos grandes treinadores e é por isso que vencemos.
DL: E você sabe a outra coisa que um treinador traz que um jogador importado não? Decisões.
SF: Sim.
DL: Você sabe que chegamos aos playoffs este ano, e estamos nos preparando para jogar contra times maiores, mais rápidos e mais experientes do que nós. Você já sabe que esses jogos vão ser decididos nos detalhes.
SF: Ah sim.
DL: Ganhamos as quartas-de-final por 14-6 e a semifinal por 14-12 … e provavelmente tomei algumas decisões difíceis, que se tivessem dado errado, eu estaria 16 anéis atrás de você e não 15.
SF: (risos) É isso aí.
DL: Eu sempre digo, não é trabalho do Head Coach sempre tomar a decisão certa. Mas é seu trabalho tomar uma decisão.
SF: Não hesite.
DL: Exatamente. Tome a sua decisão e deixe seus jogadores fazer você certo.
SF: É isso aí.
DL: Se eles acreditam em você, eles vão fazer você certo. Mas você não pode congelar quando o jogo está na linha.
SF: Se você é decisivo, você dá a eles a chance de vencer o jogo. Um cara bom me disse que há 100 maneiras de ganhar um jogo. Não fique preso na dúvida. Tome a decisão e viva com ela. E exatamente como você disse, se eles acreditam em você, eles vão fazer você certo. Se seus jogadores acreditam no que você está fazendo, eles vão fazer você certo.
DL: Exatamente.
SF: E é assim que você ganha no New Yorker Lions stadium, 19-14, depois que você estava 1-11 na temporada anterior.
DL: Exatamente. Você é decisivo. Seus jogadores acreditam.
SF: E você não hesita. Essa é nossa filosofia. É assim que ganhamos jogos por aqui.
DL: Podemos falar sobre isso por horas, mas vou mudar de assunto e voltar para o CEFL.
SF: Claro.
DL: Wroclaw Panthers. Eu joguei contra eles duas vezes no ano passado. Primeira vez eles destruíram a gente.
SF: (risos)
DL: 44-2, algo assim. Quando nos encontramos nos playoffs, conseguimos combatê-los um pouco mais perto. Mas olhando para o que eles fizeram – e o que eu esperava fazer com Warsaw (Eagles), o que eu me comprometi em fazer, mas a situação lá era muito instável – minha visão era ser um dia Swarco. Mas OK, vamos olhar mais perto de casa em primeiro lugar, olhar para o que Wroclaw está fazendo. Nick (Johannsen) estava em seu segundo ou terceiro ano-
SF: Segundo ano.
DL: E eles realmente estão construindo um programa lá. Você acha que isso é algo que Nick aprendeu aqui?
SF: Nick é um treinador muito bom. Eu treinei contra ele durante anos aqui (quando estava com o Graz Giants). Mas honestamente, o outro cara que tem boa visão lá é o presidente da equipe, Kuba (Glogowski). Antes que Nick conseguisse o emprego, eu estava lá para um treinamento, e conversei com Kuba. E eles tinham exatamente a mesma situação sobre a qual estávamos falando – os imports estavam treinando a equipe. E, OK, eles estavam tendo algum sucesso. Mas eu me lembro de estar com ele em um restaurante polonês,
DL: Pierogi-
SF: E cerveja-
DL: (risos) Oh sim.
SF: E ele disse, esta é a melhor cerveja da Polônia. Então Kuba está sentado ao meu lado. Cara jovem, gosta de rap e hip hop, já estávamos na mesma página. Então nós começamos a falar e eu disse a ele o que eu pensei: bela cidade, apresentação profissional, mas eu disse, enquanto você continuar usando jogadores para treinar o seu time, você não será bem sucedido a longo prazo.
DL: Exatamente
SF: Nick era o cara certo para o trabalho. Cara duro, gosta de correr com a bola. Eles têm jogadores grandes e era exatamente o que eles precisavam.
DL: Ele é um cara de OL também.
SF: Sim, ele quer que eles imponham o jogo deles em você.
DL: Essa é a primeira coisa que notei no filme de jogo deles. O que os separa de todas as outras equipes na Polônia é o que eles fazem nas linhas. Uma OL muito bem treinada. Eles são grandes, eles são atléticos, e eles se movimentam bem.
SF: Nick fez isso aqui na Áustria também. E o que ele trouxe foi a compreensão do que ele precisa para que seu sistema seja bem-sucedido porque ele teve muito sucesso aqui. Ele vai construir um monstro lá. Eu sei que no CEFL algumas equipes podem competir com eles, mas eu não sei sobre a Polônia.
DL: Foram necessários alguns anos chegando a final e perdendo. Mas mesmo esses dois primeiros anos, eles pareciam bastante dominantes.
SF: Perderam para o Seahawks ou algo parecido.
DL: Sim, Gdynia. Mesmo vencendo eles na temporada regular. Você sabe, Micah Brown estava lá (com Gdynia) em 2015, então quando estávamos nos preparando para Wroclaw eu tentei pegar umas dicas com ele. E ele disse que quando eles jogaram durante a temporada regular naquele ano, Gdynia perdeu pelo placar combinado de 66-3 nos dois jogos. Aí eles foram lá e venceram eles na final.
SF: Sim.
DL: Eles estavam lá, eram bastante dominantes, mas ainda havia alguma coisa faltando na hora de terminar. Mas nesse ano, eles ganharam de nós por 28-17 na semifinal, e depois passaram a régua em Gdynia por 55-14 ou algo assim na final.
SF: Eles se preparam para ganhar naquele ano.
DL: Exatamente.
SF: Eles têm algumas coisas boas acontecendo. Com Nick e Kuba e o resto da diretoria. Aquela fábrica de carne que os patrocina. E eles tem aquele novo estádio. Mas para mim era previsível porque Kuba tem feito um ótimo trabalho há alguns anos.
DL: Depois de estar lá eu posso dizer com confiança que eles estão um nível acima de todas as outras equipes na Polônia. Gdynia tem um bom programa também. Eles são organizados e profissionais e usam seus recursos de forma inteligente. Mas acho que a trajetória de Wroclaw está subindo mais rapidamente. Eles estão indo, e eu acho que este ano eles vão superar a liga polonesa.
SF: Eles estão se movendo na direção certa.
DL: Eu não vejo eles perdendo nenhum jogo este ano. Exceto contra o Raidersl, talvez, no CEFL.
SF: Bem, vamos ver. Perdemos muitos jogadores este ano. Mas nós queremos enfrentá-los. Eles são o atual campeão polonês, campeão IFAF. Vão nos mostrar onde estamos.
DL: Vai ser um grande jogo, e eu acho que vai dizer-lhes tanto sobre onde eles estão e como eles se situam na Europa.
SF: Vai ser um bom jogo.
DL: Tenho que perguntar: o seu emprego é o melhor (coaching) trabalho na Europa?
SF: Ah, eu não sei. Acho que o trabalho do New Yorker Lions é muito bom.
DL: Braunschweig não tem essa visão.
SF: (risos) Não, este é definitivamente um trabalho de alto nível. Se você analisar como um todo – com a gestão e todas as outras coisas – para um treinador, este é provavelmente o melhor trabalho. Não consigo pensar em outro lugar que eu gostaria de estar. (Apontando para os Alpes) isso é muito legal, não é?
DL: Então para terminar: o futuro do futebol em Innsbruck; Futuro do futebol na Áustria; Futuro do futebol na Europa?
SF: Nós queremos ser a primeira equipe de futebol americano na Europa que joga regularmente com times NCAA dos EUA. E não apenas um como todo mundo faz. Queremos dois, talvez três na programação. Queremos dar aos nossos fãs – que são os maiores fãs da Europa – um gosto da marca norte-americana de futebol americano. Queremos ser a ponte entre as culturas, e para o nosso jogador poder ser capaz de sentar e dizer, este é um colégio dos EUA, e eles estão jogando contra o Raiders.
DL: E tem esse tipo de cultura de esfregar fora em seus caras no processo.
SF: Eu gostaria que isso fosse como um pequeno campus universitário aqui. Nossasala de musculação é nova, todos os racks novos. Está no Centro Olímpico. Temos a mesma empresa que fornece os equipamentos de futebol americano para a Penn State e o New England Patriots como nossa fornecedora.
DL: Esta não é uma operação tapa-buraco.
SF: Não. Este negócio é real. Temos o estádio e os escritórios aqui. Estamos recebendo o novo campo. E este será o campus do Swarco Raiders. Eu estou ansioso para no futuro.
DL: E o futebol na Áustria?
SF: Eles estão se movendo na direção certa. Eles expandiram a liga. As equipes menores assumiram o desafio. Eles estão fazendo as coisas certas, e eu acho que a liga vai se estabilizar. Eu não tenho certeza sobre os regulamentos dos imports, mas nós apenas vamos com a onda. Eu parei de lutar com eles por causa de todas as coisas que eu disse. Mas a liga é estável e há bons treinadores por aqui, espero que isso vai também aconteça com a seleção nacional, onde eu sou o Head Coach. A federação da Áustria é bem gerida e está fazendo um grande trabalho.
DL: E a Europa?
SF: Eu só espero que isso seja resolvido rapidamente, porque há muitas oportunidades agora. A NFL está de olho para voltar para a Europa. Há milhões de dólares envolvidos. Talvez seja hora de começar com pessoas novas por lá ( IFAF). Talvez seja hora de novas idéias e criar uma federação completamente nova. Eu não sei se esse é o caminho a percorrer, mas se eles continuarem fazendo as coisas do jeito que estão agora, como é que vamos entrar em um acordo?